terça-feira, 8 de setembro de 2009

Entrevista - Edu

Fiel Entrevista: Edu


08/09/09 - 12h10Redação Corinthians.com.br


Como você foi parar no “terrão”?
Eu jogava numa escolinha de Guarulhos chamada “Tênis de Ouro’ e lá eu fazia jogos amistosos contra Corinthians, Palmeiras, eu ainda nem tinha idade pra jogar. Joguei uma vez contra o Corinthians, o pessoal gostou e me trouxe pra começar a jogar no futebol de salão. Depois disso, que eu passei a jogar no futebol de campo e fui direto pro ‘terrão’.
Com qual função você se identifica mais, volante ou armador?
Eu jogava de meia na época de base. Quem me passou para volante foi o Ladeira, técnico da base. E me identifico mais como segundo volante. Joguei toda minha carreira dessa forma.
Quem você considera o melhor volante que você já viu jogar e qual jogador você tem como ídolo?
Patrick Vieira (francês). Joguei com ele, fizemos parceria de meio de campo no Arsenal e com certeza é o melhor meio-campista que eu já vi jogar. Já ídolos eu tenho dois que eu sempre falo: o Rincón e o Neto.
Qual foi o melhor jogador com quem já atuou? E o melhor que você já enfrentou?
Eu sou um cara de sorte. Atuei ao lado de Thierry Henry, Denis Bergkamp, o próprio Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho... na seleção brasileira era só craque, no Arsenal também só tinha craque então falar só um fica difícil. O que eu já enfrentei... Paul Scholes, do Manchester United.
Qual um jogo inesquecível que você atuou pelo Corinthians?
É injusto eu colocar um inesquecível porque aqui... Tem o da Taça São Paulo; o Mundial, que nós ganhamos no Maracanã; e um da Libertadores, que eu errei o pênalti no Pacaembu e a torcida começou a gritar meu nome depois do jogo e foi espetacular. Pra mim, esses três jogos estão na minha lembrança sempre.
Qual sua maior tristeza e maior alegria ao longo de sua carreira?
Minha maior alegria foi minha primeira convocação para a seleção brasileira. Já as decepções são as lesões.
Qual o gol mais importante na sua vida no futebol profissional? E o jogo que mais o marcou?
Acho que o da Taça São Paulo. Foi um gol que me lançou para o futebol. Até hoje o pessoal comenta, lembra desse gol. Me ajudou muito a subir para o profissional bem. Foi um jogo que me marcou, fui considerado o melhor em campo, ganhei vários prêmios. E outra, é aquele passo. Você ta nos juniores, com aquela ansiedade de “será que vou conseguir chegar no profissional” e aí você dá aquela relaxada.
Se pudesse voltar ao passado, o que mudaria na sua carreira?
Ah, não tenho muito o que mudar. Eu me julgo um cara de sorte. Eu saí do Corinthians e fui para um dos maiores clubes da Europa, que é o Arsenal. Depois fui para um grande time da Espanha, que é o Valencia, que em 2005 tinha chegado em final de Champions League. Um clube que tava super em ascensão. Agora estou aqui de novo... Acho que teria pouca coisa para mudar.
Você ainda almeja chegar à seleção brasileira?
Olha, eu sou muito pé no chão com relação a seleção. Eu sei que tenho que estar muito bem aqui no Corinthians, me destacando e ganhando títulos para ser lembrado. Não adianta pensar Lana frente sendo que aqui as coisas ainda estão em desenvolvimento. Então tenho que me concentrar 100% aqui no Corinthians porque sempre penso que seleção é conseqüência do que você está fazendo no seu clube.
O que vem na cabeça de um jogador quando sofre uma grave lesão?Pensa que é o fim da carreira?
Eu tive duas. A primeira foi mais aceitável, todo mundo passa por isso, tenho vários amigos que passaram... A segunda foi mais doída. Foi logo seis meses depois, fiquei um tempão para recuperar. Foi uma fase que me jogou lá pra baixo. Não sei se pensa que é o fim da carreira, mas foi algo que me desanimou. Eu tinha assessoria de imprensa e flaei não queria mais ter, não queria falar com ninguém. Falei “ah, esquece”. Depois o tempo foi passando, fui acalmando mais e as coisas entraram no caminho.
Qual a diferença de jogar no Brasil e no exterior? Quais os prós e os contras?
São três Ligas diferentes, Inglaterra, Espanha e Brasil. Uma não tem nada a ver com a outra. Na Inglaterra é um futebol de força, velocidade e poucas faltas. Você tem estar sempre bem fisicamente senão o pessoal passa por cima de você mesmo. Na Espanha, um pouco mais parecido com o Brasil, mas o estilo de jogo e o posicionamento dos jogadores lá é diferente daqui. Eles jogam com o 4-4-2 muito claro lá, a segunda linha de quatro usam os meias como se fossem pontas e aqui não, aqui é bem mais para o meio. Acho que a principal diferença é como os árbitros atuam aqui e na Europa. Aqui o jogo para mais, o ritmo é mais lento e qualquer coisa é falta. Lá não, o jogo corre mais, o juiz não apita por qualquer coisa, não é qualquer contato que é falta. Eu me dei muito bem na Inglaterra, ganhei muitos títulos. Você tem que saber se adaptar. Lembro que no começo foi difícil realmente me adaptar ao estilo de jogo, eu saí muito novo. Na Espanha também, pois tem mais jogo, mais toque. E aqui é a qualidade do jogador, então você tem que se adaptar a qualquer estilo para tentar ir bem.
Como foi voltar depois de um certo tempo para um clube brasileiro e qual seu objetivo nesta nova fase?
Voltei para minha casa. Foi e está sendo muito bom. Aqui eu conheço todo mundo, sou super bem recebido, graças a Deus. Tenho um ótimo contato com a torcida, imprensa, com o pessoal que trabalha aqui... Estou curtindo pra caramba. Espero poder fazer um ótimo campeonato com o Corinthians e conseguir títulos, que é o mais importante.
É realmente diferente vestir a camisa do Corinthians?
É diferente. Principalmente para mim, que vivi aqui dentro muitos anos, conheço isso aqui e a torcida do Corinthians como ninguém. Minha família inteira é corinthiana. Eu lembro que, quando era moleque, a gente assistia ao jogo na casa do meu tio, todo mundo com a camisa do Corinthians, e ninguém pensava que eu ia ser um jogador de futebol. Mas aquele negócio de torcer, eu ia no estádio com os amigos ver jogo e eu tenho um carinho. Desde que eu fui embora, nunca neguei. Nunca fui aquele cara que “ah, mas se eu voltar um dia para São Paulo, Palmeiras, ou o clube que for não posso falar que gosto do Corinthians porque isso vai me prejudicar”. Sempre deixei muito claro que é um clube do coração e a hora que você põe a camisa, fica diferente.
Pretende encerrar sua carreira no Timão?
Isso já é difícil a gente prever. Eu sempre digo que há três meses eu pensava que ia morar na Espanha e hoje estou aqui. A gente nunca sabe o que pode acontecer no dia de amanhã, mas é lógico que seria um prazer poder terminar minha carreira no clube onde eu comecei.
Por que escolheu o número 32?
Foi o que sobrou. Não tinha outro número, eu queria colocar 78, que é o de meu nascimento e o Mano não viu muita graça. 22, que era o meu do Arsenal já tinha. 17, do Valencia, já tinha. Quanto à 6, o Cristian tinha acabado de ir embora, ainda tava naquele negócio ‘vai não vai’ e eu deixei em aberto. Os outros eu realmente não gostava, não combinavam muito comigo então eu falei ‘joga um número qualquer lá em cima’.
Quando você entrou pela primeira vez no Pacaembu lotado após sua volta, o que você sentiu?
Puts... Foi muito especial... Eu até não esperava que o pessoal do marketing fosse fazer isso e é muito legal. A receptividade da torcida comigo, entrar em capo sozinho e receber o carinho da turma. É difícil definir com palavras, realmente complicado. Mas foi uma emoção bem bacana e vai ficar guardada, sem dúvida nenhuma, para o resto da minha vida.
O que você acha que falta para o Corinthians engrenar no brasileirão? O que espera da Libertadores do ano que vem?
Engrenar acho que vai quando todos os jogadores voltares, quando o Mano voltar a treinar a equipe da sua maneira e começar a montar a base. Acho que já está engrenando. No meu ponto de vista, já começou a ter uma ascensão legal com o time que está. Para o ano que vem, é sequência do que estamos fazendo. Esperar que a preparação seja boa e tudo esteja bem porque é um ano importante para o grupo, para o torcedor e esperamos atender a expectativa de todos.
O que você sentiu de diferente do “antigo” Corinthians, quando você saiu, para o atual? Mudou muita coisa?
Mudou... Parece que o pessoal está com o pensamento muito mais profissional. Você vê que o Corinthians já quer montar estrutura, centro de treinamento, quer fazer estádio, e é algo realmente que falta. É um projeto que mostra que o clube está num caminho bacana. Acho que acertou muito bem na parte de comissão técnica, o pessoal ao redor do Mano,o próprio Mano. Tudo isso faz com que o Corinthians esteja mais tranqüilo e dá mais tranqüilidade aos jogadores. Está no caminho certo.
Qual rival daqui de São Paulo você tem mais prazer em ganhar?
Palmeiras.
Para você, o que é ser corinthiano? Como você classifica o amor desta torcida?
Não sei se é uma religião... É difícil a gente tentar dizer o que é ser corinthiano. É uma mistura de sentimentos, de amor com paixão, carinho. É uma coisa diferenciada realmente. Nenhum torcedor que seja palmeirense, são-paulino, santista por maior amor que tenha pelo clube, acho que o corinthiano é especial, tem um amor especial por esse clube. Agora não me pergunta por que, porque os caras são diferentes mesmo.